No dia 15 de novembro, foram definidos os dois candidatos que disputarão o segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, Bruno Covas e Guilherme Boulos. Ambos assinaram a “Carta compromisso para a cidade de São Paulo | Mobilidade e Clima”, que resume propostas para a mobilidade sustentável atreladas ao combate à emergência climática e às desigualdades na cidade. O documento foi elaborado pela Rede Mobilidade e Clima, um conjunto de organizações da sociedade civil que atuam nas temáticas relacionadas à mobilidade urbana e ao meio ambiente.

A rede também avaliou as propostas para a mobilidade urbana contidas nos planos de governo dos dois candidatos, considerando sete grandes temas: política urbana; saúde e meio ambiente; segurança viária; justiça social; gestão e participação; mobilidade a pé; mobilidade por bicicleta e transporte público. Todos os documentos analisados foram baixados diretamente no site do Tribunal Superior Eleitoral antes do dia 30 de setembro e estão disponíveis nesta pasta

Conforme poderá ser visto nos infográficos, quanto mais as ações propostas pelas candidaturas se mostram próximas das ações solicitadas pela sociedade civil na Agenda Propositiva para a Cidade de São Paulo, maior a “temperatura” no infográfico. São usados diferentes tons de vermelho para indicar se as propostas estão “quentes”, “mornas” ou “frias”. Ainda há a possibilidade de marcar temperatura “abaixo de zero”, quando uma proposta representa retrocessos em relação às demandas da sociedade civil.  Confira neste post os detalhes da metodologia e neste, a análise das propostas por tema.

A Rede Mobilidade e Clima também chegou conversar diretamente com as equipes dos dois candidatos, para apresentar as ideias contidas em sua agenda de propostas. Participam da coalizão as organizações Ciclocidade, Cidadeapé, Greenpeace, Idec, Instituto Saúde e Sustentabilidade, Rede Nossa São Paulo e Sampapé.

Veja, a seguir, um resumo das avaliações das propostas de cada candidato:

Bruno Covas (PSDB)

Destaca a importância de combater as desigualdades sociais, estimular o transporte público e priorizar os modos ativos de deslocamento. Traz metas para a ampliação de calçadas reformadas (1,5 milhão de m2), ciclovias (não fica claro quantos novos kms), de corredores de ônibus (Itaquera e BRT Aricanduva) e da capacidade do sistema de ônibus (10% mais vias atendidas). Não aborda ações para reduzir a violência no trânsito, apesar de sua gestão ser marcada pelo aumento dos limites de velocidade nas marginais, nem do cumprimento das etapas definidas pelo novo contrato de ônibus, assinado na sua gestão. Repete a promessa do transporte público aquaviário, já trazida na eleição que venceu em 2016.

Melhores propostas: Piores propostas:
“Estimular o transporte público e ampliar novos modais para promover facilidade e maior celeridade de deslocamentos.”                                                                               Se a proposta de extensão de ciclovias for de 650km até 2024, como apresentado, o candidato não cumpre a meta da atual gestão, que deveria atingir cerca de 670km de ciclovias.
“Apostaremos, também, na integração máxima dos diferentes modais de transportes, de bairros a terminais de ônibus e ao sistema metroferroviário.”           Não aborda ações nem metas claras para reduzir mortes no trânsito.

Guilherme Boulos (PSOL)

Seu programa dá bastante atenção à participação social regionalizada e ao combate às desigualdades. Em relação a esse ponto, destacam-se as propostas para aumentar o controle do sistema de ônibus municipais e Tarifa Zero, bem como a efetivação de ações previstas pelo Plano Diretor que buscam aproximar a moradia de eixos de transporte público. Também traz bastante atenção à priorização de modos ativos de deslocamento, com ampliação da infraestrutura para deslocamento a pé e de bicicleta, e a substituição progressiva dos combustíveis da frota de ônibus.

Melhores propostas: Piores propostas:
Implementar a Tarifa Zero, começando por assegurar a gratuidade a desempregados e estudantes. Não apresenta metas e ações específicas para reduzir mortes no trânsito (apenas a manutenção da política de redução de velocidades).
Garantir o cumprimento da função social da propriedade nos imóveis ociosos, públicos ou privados, sobretudo àqueles localizados em regiões mais bem dotadas de infraestrutura. Não há propostas para reduzir o espaço usados por carros.